terça-feira, 28 de junho de 2011

PROUCURA-SE UM MISSIONÁRIO


Durante as décadas de 1970 e 80, um vento ufanista apontava a Igreja Evangélica brasileira como futuro celeiro da obra missionária mundial. Motivos para o otimismo não faltavam: vivia-se a expectativa de um avivamento, era grande a quantidade de jovens dispostos a seguir o “ide” de Jesus e pipocavam, em todo o país, congressos, conferências e agências missionárias. Todos esperavam que o raiar do século 21 encontraria milhares e milhares de obreiros brasileiros anunciando o Evangelho pelo mundo. Só que o ano 2000 chegou, passou e o que se vê, hoje, não é bem isso. O Brasil é uma potência evangélica, mas uma simples olhada para as estatísticas mostra que a montanha pariu um rato. Hoje, menos de 3 mil brasileiros são missionários transculturais. Muito pouco, para uma população evangélica que beira os 30milhões.                                     
O que deu errado? Muita coisa. O aparente paradoxo pode ser explicado porque a Igreja brasileira, de uns anos para cá, parece atenta demais a temas como gigantismo, prosperidade e poder político. Ao mesmo tempo, a nova geração de crentes anda preocupada com o próprio conforto e leva uma vida espiritual pouco – ou nada – compromissada com as almas sem Cristo. Hoje, o que se verifica é uma crise de vocações. Por outro lado, falta infraestrutura para a educação e a capacitação dos candidatos. Além disso, a realidade do país não ajuda nada – com a economia patinando e o dólar nas alturas, onde conseguir recursos para enviar e manter missionários no exterior?Nesta e na próxima edições, ECLÉSIA traça um panorama sobre a obra missionária transcultural brasileira. O resultado preocupa, mas ao mesmo tempo sinaliza que a Igreja nacional tem, sim, muitas condições para ocupar lugar de destaque na evangelização do planeta. Apesar das dificuldades, surgem iniciativas bem sucedidas, obreiros dedicados e, sobretudo, bastante zelo espiritual. Esta série de matérias, de autoria do repórter Marcos Stefano, mostra o que não deu certo e também aponta o caminho das pedras – que, diga-se de passagem, não é nada impossível. Resta saber se os crentes brasileiros estão dispostos a pagar o preço para cumprir sua missão.